Homens e mulheres de boa vontade,
que acreditam no poder e na universalidade da oração,
e que sonham com um mundo mais justo e pacífico,
Senhor Jesus, tu que conheceste o exílio e a perseguição, que o Espírito Santo inspire os dirigentes de todas as nações afin de que cessem as perseguições contra as minorias e que sejam respeitados os direitos do homem em todos os países. Amém.
A vocês que buscam a paz neste mês de julho 2017
A vocês que buscam a paz neste mês de dezembro de 2016
Intenção : Encontrar a paz nas pequenas coisas do cotidiano
Sim, como é bom, como é suave os irmãos viverem juntos e estarem unidos (Sl 132,1). Viver juntos ? O salmista não exalta o cohabitar humano. Sabemos o quanto existe de irmãos que se desentendem exatamente por morar juntos, sob um mesmo teto ; e que « a casa onde se cohabita é a mesma onde se encontra inimigos » (comentário de Santo Hilário de Poitiers)
A paz é um dom de Deus que nasce nos pequenos lugares: num coração, num sonho, numa palavra, num sorriso... A paz é um dom artesanal que nós devemos cultivar e fazer dela um caminho em nossa vida ; fazê-la entre nós, para fazê-la entrar no mundo. « Tu podes falar de paz com palavras explêndidas, por meio de grandes conferências... Mas se, em tua pequenez, no teu cotidiano não há paz, se no teu trabalho não há paz, no mundo tampouco haverá » (homilia do Papa Francisco em Santa Marta, no dia 08/09/2016).
Hoje, em meio à guerra e à violência que continuam a semear o terror em tantos corações humanos, como, lá onde nós vivemos, nos abrir para a paz ? O Papa Francisco nos convida a nos colocarmos esta questão : « como está o teu coração hoje ? Está em paz ? Se ele não está em paz, antes de falar de paz, ponha-o em paz ». Se você não é capaz de fazer avançar na paz a sua família, a sua comunidade, o seu presbitério, como fazê-la avançar no mundo? Palavras de paz não são suficientes. Comecemos por criar um clima de paz em nós e em torno de nós, em vista da paz no mundo ». (homilia de 08/09)
As palavras de Santa Teresa do Menino Jesus não perderam nada de sua atualidade : « Inspiradas e levadas pelo amor, as pequenas coisas adquirem um grande valor ; Jesus não olha tanto a grandeza das ações, nem mesmo a sua dificuldade, mas o amor que está por detrás dessas ações ».
Ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, fomos todos exortados a : « construir um futuro sobre esta terra trabalhando na evangelização do momento presente para fazer agora um tempo de salvação para todos ».
Juntemos nossas preces às preces do Papa Francisco :
« Pedir a Deus a sabedoria para fazermos a paz a cada dia, pois são nesses pequenos gestos cotidianos que nasce a possibilidade da paz em escala mundial ». Que a paz nasça no coração de cada um de nós para construir um mundo de amor e de paz.
Vem, Senhor Jesus, o Príncipe da Paz !
A todos os que buscam a paz neste mês de setembro 2016
Intenção de oração: dizer não ao terrorismo!
No dia 9 de junho de 2016 dois palestinos semearam o terror em Tel-Aviv, fazendo 4 mortos; no dia 4 de julho de 2016 houve um atentado suicida em Bagdá resultando em 300 mortos; no dia 14 de julho de 2016, uma carnificina causada por um caminhão em Nice provocando 84 mortes; dia 27 de julho, o padre Jacques Hamel foi degolado no momneto em que celebrava a missa na pequena igreja de Santo Estêvão de Rouvray. Esses dramas recentes, inclusive vitimando padres e religiosas, fazem parte de uma longa lista que, infelizmente, não para de crescer.
Não se coloca um fim à violência respondendo com violência; ao contrário, legitima-se. É preciso que se busquem outras alternativas de resistência. Em um contexto internacional cada vez mais tenso e violento, é urgente que se tire tempo para refletir e colocar em prática alternativas não violentas.
A mídia tem uma parte de responsabilidade pois, ao mostrar insistentemente informações relatando crimes de guerra, as consciências se acostumam à sua dose cotidiana de violência midiática. As decaptações e cruscifixões realizadas pelo grupo extremista Estado Islâmico são difundidas pelas redes sociais. O risco é de nos colocarmos imediatamente numa atitude de reação, basta um contexto de medo e ansiedade para que uma cultura de guerra se exprima intensamente, já que a violência não é somente um fenômeno exterior, mas interior em nós mesmos. Por outro lado, se apenas 20% dos recursos financeiros utilizados para fazerem a guerra fossem dirigidas para esforços de verdadeiras negociações de paz, soluções pacíficas poderiam ser realizadas. Nossos governantes deveriam refletir sobre os meios eficientes de desarmar todos esses grupos criminosos: meios econômicos, políticos e culturais.
Para por um fim à espiral da violência, não se pode nem legitimá-la, nem banalisá-la. A não-violência é uma luta, um engajamento em uma resis tência voluntária; ela não é a negação de conflitos, nem de combates, nem mesmo de massacres e atentados, mas em uma incansável busca pela paz ela propõe soluções não agressivas.
Senhor, pela graça de teu Espírito Santo, faça que todas as pessoas em luto ou atingidas pelos atentados não tenham o desejo de vingança, afim de não reforçar a espiral da violência. Diante de toda situação de violência, façamos nossa a prece do Padre Christian de Chergé: "Senhor, desarmai-os! Senhor, desarmai-me!". E faça com que o projeto terrorista de provocar uma guerra de religiões não se concretize, mas seja ocasião para que cristãos e mussulmanos se unam e se tornem "parceiros pela paz" partilhando sua fé em um mesmo Deus e reconhecendo a solidariedade intelectual e moral da humanidade. Amém.
DEZEMBRO 2015 REZAR PELA TERRA
Depois dos acontecimentos que trouxeram luto à França, no mês passado, a interpelação ressoa ainda com mais força: como fazer a paz acontecer entre os povos?
Pouco antes da festa de Todos os Santos, em Castel Gandolfo, reuniu-se a Assembleia Europeia das Religiões pela Paz com a participação de judeus, cristãos e muçulmanos. Seu tema foi "acolher uns aos outros: passar do medo à confiança."
Em uma mensagem de boas-vindas, o Cardeal Tauran lembrou que "a verdadeira missão da religião é a paz, porque a religião e a paz caminham juntas." Sim, como podemos transformar o medo em confiança, a discriminação em respeito, a inimizade em amizade? Como passar de uma cultura do descartável para uma cultura solidária e como transformar o confronto em diálogo? Essas são questões que devemos carregar conosco em nossa oração.
O evento COP21 "21a Conferência das partes que assinaram a Convenção do Clima das Nações Unidas" se reveste de uma importância crucial para o nosso futuro comum. Entre as quatro questões sublinhadas pela Comissão Justiça e Paz, como aquilo que está em jogo, a questão prática, o desempenho de responsabilidades, o desafio da solidariedade, sem deixar de lado essas questões prévias, prestemos atenção ao quarto item que está em jogo: a dimensão espiritual e que nos compromete na oração.
O quarto ponto é de ordem espiritual e moral porque a crise climática decorre desse desafio (o espiritual). “Nós não herdamos a terra de nossos antepassados. Nós a pedimos de empréstimo a nossos filhos”, diz um provérbio africano, citado por Antoine de Saint-Exupéry no livro “Terra dos Homens” (1939). Nesse sentido, a voz das autoridades religiosas é considerada como um aliado importante para o êxito dessa Conferência sobre o clima.
Não é por acaso que esse esse encontro se realiza na França, país que reivindica a laicidade e que ele seja preparado com a contribuição das vozes de tantas religiões e espiritualidades. Essas vozes trazem o senso de um bem-comum para a humanidade. "(Carta da Comissão Justiça e Paz, n ° 206, outubro 2015 / http://www.justice-paix.cef.fr)
O sucesso ou o fracasso da COP21 vai ter um impacto direto sobre a realização ou o recuo da paz entre os povos. Pensemos, particularmente, no desequilíbrio demográfico provocados pelas migrações climáticas.
Nesse sentido, é significativo que, no dia 26 de outubro último, em Roma, tenha sido lançado um apelo assinado por Cardeais, Patriarcas e Bispos do mundo todo, representando os cinco continentes. Na continuidade da Encíclica Laudato Sii esses pastores reafirmam que o clima é um bem comum de toda a humanidade e o ambiente é um bem coletivo, sob a responsabilidade de todos.
Os pobres, primeiras vítimas das mudanças climáticas, devem ser associados ao desenvolvimento sustentável. O apelo de Roma se concretiza em dez apelos concretos que vocês podem encontrar seguindo o link abaixo:
HYPERLINK "http://zenit.org/fr/articles/cop21-appel-inedit" http://zenit.org/fr/articles/cop21-appel-inedit
Em 1967, o papa Paulo VI já afirmava: "o desenvolvimento é o novo nome da paz. "
Oremos para que cresça a nossa consciência ambiental: ela vai nos conduzir à paz.
Oração pela terra, na conclusão do apelo de Roma:
Deus de amor, ensina-nos a cuidar da nossa casa comum. Inspira nossos governantes na ocasião dessa reunião deles para que:
• escutem o grito da terra e o grito dos pobres
• e se unam com o coração e o espírito para responder com coragem à busca do bem comum e da proteção deste jardim que criaste para nós, para nossos irmãos e irmãs e para as gerações futuras. A M É M.
que acreditam no poder e na universalidade da oração,
e que sonham com um mundo mais justo e pacífico,
A los que buscan paz en este mes de diciembre de 2018
intención de oración: Periodismo de paz
Proponer información positiva y constructiva es el propósito del nuevo periodismo que nace el periodismo de paz. Varios representantes de este movimiento fueron invitados al Vaticano a una conversa el sábado, 13 de octubre de 2018. Vanessa Bassil, libanésa es la fundadora del MAP, Asociación de Midia para la Paz, la única asociación que aboga por el periodismo de paz en Oriente Medio y África del norte. Para ella, periodismo de paz significa por ejemplo, para producir reportajes sobre la positiva integración de los refugiados sirios en el Líbano:
« Es importante que el publico sea sensibilizadocon relación al tema del periodismo de paz, para entender cómo los medios de comunicación pueden tener un papel en la paz. Es una cuestión que pasa por el respeto de los derechos de cada ser humano »
El Periodismo de paz es una forma de periodismo que estructura los reportajes de tal manera que estimula el análisis de los conflictos y la construcción de una respuesta no violenta. Pone el foco en las causas estructurales y culturales de la violencia. Enmarca el conflicto como un evento que involucra a muchos actores diferentes motivados por diferentes objetivos, en lugar de una manera dicotómica. Pretende específicamente destacar las iniciativas de paz provenientes de cualquier lado y permitir que el lector/oyente/espectador pueda distinguir entre las tomas de posicion oficiales y los verdaderos ¨objetivos de guerra" de las partes en cuestión. Por ejemplo, la cobertura periodística de la guerra del Golfo fue muy obviamente controlada por las autoridades militares y políticas francesas y sobre todo estadounidenses. Los periodistas de paz quieren ser profesionales y autónomos, no quieren ser instrumentos dóciles de una propaganda burda. Los medios de comunicación deben demostrar claramente que son vigilantes contra intentos de manipulación de las autoridades
Según Paolo Ruffini, prefecto del dicasterio para la comunicación del Vaticano, ¨en tiempos que apremian, es importante tomar el tiempo para informarser¨. También recordó la importancia de emplear las palabras correctas y "permanecer apegado a la realidad, en este tiempo que estamos híper-conectados ¨.
En su mensaje para la 52a Jornada de las Comunicaciones Sociales, el Papa invita a combatir falsas noticias (¨las fake news¨), a promover el periodismo al servicio de la paz, lo que es urgente para los medios de comunicación hoy en día. Para combatirlas llama a todos, principalmente los periodistas, para un diálogo sincero en el que emerja la verdad, la única que nos hace libres. El Papa invita a ¨ promover un periodismo de paz¨, ´sin engaño, hostil a falsedades, a consignas de efecto y a declaraciones enfáticas¨. Defiende el periodista "guardián de las noticias", quien ¨ no sólo ejerce una profesión, sino una misión real".
Para el noruego Johan Galtung, fundador de la irenologie, la ciencia de la paz, es importante diferenciar una paz positiva y una paz negativa para procesar la información de la mejor manera posible. La paz negativa, ¨marcada por la ausencia de la violencia, no es real¨, ¨es un problema, porque muchas personas creen que es verdadera paz¨, cuando realmente es una situación de co- existencia, como en un matrimonio infeliz¨.
El periodismo de paz es particularmente actuante en Indonesia, Colombia, Sudáfrica y el Nepal. Es complementario a otro enfoque, más arraigado en los Estados Unidos: Periodismo preventivo, que aplica un enfoque similar a los temas sociales, económicos, ambientales e institucionales. El Periodismo preventivo combina el periodismo de investigación con el reportaje didáctico, con un enfasis en soluciones y verificando si las soluciones encontradas son eficaces o no. Realiza el esfuerzo de detectar los problemas sociales en el momento que donde aparecen bien como las soluciones posibles para alertar la sociedad y las autoridades antes que estos problemas tomen la magnitud de una crisis.
Para el noruego Johan Galtung, fundador de la irenologie, la ciencia de la paz, es importante diferenciar una paz positiva y una paz negativa para procesar la información de la mejor manera posible. La paz negativa, ¨marcada por la ausencia de la violencia, no es real¨, ¨es un problema, porque muchas personas creen que es verdadera paz¨, cuando realmente es una situación de co- existencia, como en un matrimonio infeliz¨.
El periodismo de paz es particularmente actuante en Indonesia, Colombia, Sudáfrica y el Nepal. Es complementario a otro enfoque, más arraigado en los Estados Unidos: Periodismo preventivo, que aplica un enfoque similar a los temas sociales, económicos, ambientales e institucionales. El Periodismo preventivo combina el periodismo de investigación con el reportaje didáctico, con un enfasis en soluciones y verificando si las soluciones encontradas son eficaces o no. Realiza el esfuerzo de detectar los problemas sociales en el momento que donde aparecen bien como las soluciones posibles para alertar la sociedad y las autoridades antes que estos problemas tomen la magnitud de una crisis.
Oración : Señor encomendamos a Ti todos los actores de los oficios de la comunicación. Para que tengan preocupación por la verdad y la coherencia para que todos descubran el sentido exacto de los hechos que suceden. …
A los que buscan paz en este mes
de octubre de 2018
Intención de oración: no-violencia como un estilo de política de paz
10 de octubre de 2015
el hermano Irineo entregó su alma a Dios. Hacen tres años que un pequeño
grupo continúa su iniciativa de escribir una carta cada mes proponiendo una
intención de oración por la paz. Los temas no faltan... porque la paz es
frágil en nuestro mundo hoy.
Cada 2 de octubre es
"Día Internacional de la no violencia" porque es el aniversario de
Mahatma Gandhi, pionero en la filosofía de la no violencia. Es el tema que
proponemos retomar por ser de gran actualidad. En su mensaje para el 01 de
enero de 2017, con motivo del 50 ° aniversario del día mundial por la paz, el
Papa pidió a "Dios que se conformen a la no violencia nuestros
sentimientos y valores personales más profundos." Y agregó: "comprometámonos con nuestra
oración y acción a ser personas que aparten de su corazón, de sus palabras y de
sus gestos la violencia, y a construir comunidades no violentas, que cuiden de
la casa común. «Nada es imposible si nos dirigimos a Dios con nuestra oración.
Todos podemos ser artesanos de la paz»
La difusión de la
cultura de la no violencia debe comenzar en las familias "dentro de las
paredes de la casa para luego difundir en toda la familia humana."
Durante años, la no-violencia
como un estilo de vida y las relaciones entre personas es una preocupación
constante de la Santa Sede que sigue afirmando a través de la voz del Papa y
también en las frecuentes tomas de posición de su representante en las Naciones
Unidas que "la violencia es una profanación del nombre de Dios, nunca el
nombre de Dios puede justificar la violencia; sólo la paz es
Santa. "En abril de 2016, durante un Congreso en Roma sobre el tema "La
no violencia y la paz justa" dijo Francisco: «En nuestro mundo complejo y
violento es realmente un gran esfuerzo trabajar por la paz viviendo la no violencia.». Más recientemente, 27
de septiembre de 2018, Mons. Gallagher, Secretario para las relaciones con los
Estados, reafirmó durante la sesión 73 ° de la Asamblea General de las Naciones
Unidas que "a la paz nunca se llegará por la violencia" y lanzó un
llamamiento a todos las personas de buena voluntad a un "diálogo
honesto, basado en la buena fe y abiertos al perdón y la reconciliación, porque
es la única manera de llegar a la estabilidad necesaria a niveles social,
económico y político."
En este día de la
memoria de San Francisco de Asís, su oración puede ser nuestra:
Señor hazme
instrumento de tu paz. Donde hay odio que yo ponga el amor. Dónde hay
ofensa yo ponga el perdón. Donde haya discordia, yo ponga la unión. Dónde
hay error que yo ponga la verdad. Donde hay duda, yo ponga fe. Dónde hay
desesperación, yo ponga esperanza. Donde hay tinieblas, Permítanme traer
luz. Allí donde la tristeza, que yo ponga la alegría.
A você que busca a Paz neste
mês de maio 2018
Intenção
de prece : As ilhas Maldivas
As ilhas Maldivas,
arquipélago de mais de 1.100 ilhas das quais somente 200 são habitadas por 330
mil habitantes, formam um Estado independente desde 26 de julho de 1965. Antiga
colônia do Reino Unido, ela é hoje uma República presidida por Abdallah Amen
Abdu. O islã é a religião oficial. Antes budistas, os habitantes foram
convertidos ao islamismo, sem dúvida no século XX. A aplicação da charia é
estrita; as outras religiões são proibidas.
A capital Malé é
superpopulosa e cheia de edificações. A maior parte das outras ilhas são
destinadas essencialmente ao turismo que constitui a principal fonte de renda,
fortemente ameaçada pela alta das marés, o que torna difícil o acesso, que já é
bastante regrado. Alojar-se nas casas dos moradores é claramente proibido.
O arquipélago
conhece dois graves problemas : o desemprego e as drogas. Além do mais,
sofre uma crise política marcada pela violência, após a deposição – em 7 de
fevereiro de 2017 – de Mohammed Nasheed, antigo presidente que se destaca entre
os opositores, além de destacar-se na luta contra o aquecimento climático.
O recente
restabelecimento da pena de morte de crianças a partir da idade de 7 anos
suscitou a indignação no mundo e o Alto-Comissariado das Nações Unidas dos Direitos
Humanos apresentou sua profunda preocupação. Com efeito, segundo o direito
internacional, « pessoas culpadas e condenadas por infrações cometidas
antes da idade de dezoito anos não podem ser condenadas à morte nem à prisão
perpétua sem a possibilidade de liberdade », como lembrou Ravina
Shamdasani, porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas.
« Aqueles que se manifestaram
pacificamente contra o estado de emergência nunca deveriam ter sido presos e
devem ser libertados imediata e incondicionalmente. O governo das Maldivas está usando o estado de emergência como uma
licença para reprimir e está atacando membros da sociedade civil, juízes e
opositores políticos », disse Dinushika Dissanayake, vice-diretora
regional para o sul da Ásia para a Anistia Internacional, que, igualmente,
entrou com recurso contra a força abusiva da polícia contra os jornalistas e
manifestantes pacíficos.
Oremos : Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda
junto ao teu Filho, para que, em países submetidos ao regime totalitário, cesse
a opressão e o terror. Senhor, vem em ajuda a todos os ativistas da
não-violência e a todos os artesãos de Paz para que suas vozes sejam ouvidas e
suas ações respeitadas. Amém.
A
vocês que buscam a paz neste mês de março 2018
Intenção : Aagroecologia, esperança de paz e de coesão socialnos países do sul
Em Burkina Fasso, no Burundi, no
Timor oriental e em outros países, as Organizações Não Governamentais (ONG),
dentre as quais o PAIES (Programa de Apoio às Iniciativas Econômicas e Sociais ), PERMATIL (Permacultura para o
Timor Leste), CCFD TERRA SOLIDÁRIA, lutam para instaurar uma nova agricultura
capaz de abrir um novo horizonte em reparo sos males causados por toda sorte de
métodos devastadores, tal como o corte ilegal de madeira, queimadas, desgaste
do solo e emprego de pesticidas.
Dentre
essas práticas ecológicas, distinguem-se, dentre outras, a reconstituição da
mata nativa que consiste em pradarias rodeadas de sebes afim de se evitar a
erosão devida à monção; plantações em zaís (pequenos montes de terra em torno
da planta permitindo a retenção de água), a permacultura que consiste na
preparação de composto de uso de pesticidas e fertilizantes naturais, secadores
solares, abertura de canais de drenagem e perfuração de poços para captar água
subterrânea tão importante no subssolo africano, reabilitação de espécies
variadas adaptadas ao terreno e capazes de resistir ao desregramento climático
atual.
A
evolução de práticas que aplicam essas novas técnicas agroecológicas permitiram
melhorar a renda agrícola e, sobretudo, diminuir as diferenças sociais,
principalmente através do reconhecimento do papel importante das mulheres que
agora começam a ter acesso à propriedade de terra. No Burundi, a esperança de
viver melhor é tão palpável quanto a esperança de paz social, já que o
desregramento da produção agrícola havia alimentado o individualismo, o
alcoolismo e, sobretudo, a violência. A contribuição do surgimento de uma paz
justa e equitativa é, assim, reconhecida.
A segunda
fase do programa do PAIES está em fase de preparação. O início é previsto para
abril de 2018 com os parceiros africanos e uma dezena de ornanizações do
Oriente Médio, dos Andes e da Ásia.
Oremos :
Senhor, nós te pedimos, faça que as Nações prósperas compreendam o
interesse em ajudar no desenvolvimento de países do sul para que eles tenham um
papel pacificador. Que esses países se tornem modelos de desenvolvimento
ecológico, que eles possam prover às necessidades de sua população e não sejam
mais a presa dos difusores de ódio que properam sobre a miséria. Amém.
A todos os que buscam a paz neste mês
de fevereiro 2018
Intençãode Oração : O fim dos conflitos no Yêmen
O site do
Vaticano se perguntava no dia 30 de janeiro : « A situação está em
vias de mudança no Yêmen ? Os combates se intensificam em torno do
Palácio Presidendial em Aden onde o poder executivo parece estar ao ponto de se
dissolver ». La paz virá, enfim, neste país abatido por uma guerra que
opõem rebeldes xiitas hutis, sustentados pelo Irã e a coalisão sunita
sustentada pela Arábia Saudita ?
Na sequência da
primavera árabe, na Tunísia e no Egito, o Yêmen conheceuuma série de
manifestações populares qui se desenvolvem no início do ano 2011. Os rebeldes
xiitas hutis se unem à contestação iniciada pelos estudantes. Os hutis
originários do norte do Yêmen fronteiriço com a Arábia Saudita sãomantidos pelo
Irã, seu rival. O sul do país, colonizado pelos britânicos, se tornou
independente em 1967, impregnando uma ideologia socialista. Mas, passados
cinquenta anos, as elites políticas, as forças militares e as potências tribais
se combatem pela conquista do poder.
Apesar dos repetidos pronunciamentos do presidente Ali Abdallah Saleh
referente a uma organização antecipada das elições e uma revisão da
Constituição, as manifestações não se enfraquecem e sempre se terminam por uma
sangrante repressão. É preciso a intervenção dos Estados Unidos e dos países do Golfo para
negociar a saída do presidente Saleh. Este aceita ceder do poder dentro de um
acordo de transição e, no início de 2012, o vice-presidente Abd-Rabbo Mansur
Hadi toma a frente do país e, na sequência, dá início às eleições organizadas.O
presidente Saleh será assassinado no dia 4 de dezembro de 2017.
Ao longo de todos esses anos
movimentados, Al-Qaeda na Península arábica tira proveito do Caos para expandir
sua influência territorial à qual se opõe os Estados Unidos por uma guerra
generalizada. Desde então, o país é o cenário – segundo
observadores da ONU – da « pior crise humanitária do mundo » :
8,4 dos trinta milhões de habitantes são, diretamente, ameaçados pela fome.
Devido ao colapso dos Serviços de Saúde, duas mil pessoas morrem vítimas do
cólera, na maior epidemia jamais registrada (cerca de um milhão de casos
suspeitos desde março de 2017, segundo a Cruz Vermelha). Casos mortais de
difteria foram igualmente registrados em razão da fraca campanha de vacinação
de crianças de menos de cinco anos. Ademais, o Comitê internacional da Cruz
Vermelha indica que dois milhões e meio de habitantes estão privados do acesso
à água potável. Segundo a ONG Acted, vinte
e um milhões de pessoas têm necessidade de ajuda humanitária. Quase dez milhões
necessitam de ajuda urgente, dos quais numerosas crianças.
Até quando o sofrimento de todo um povo ? convidados pelo Papa
francisco a não cair nas armadilhas da « mundialisação da
indiferença », ousemos interceder junto ao coração de Deus.
Rezemos :
Neste m~es em que festejamos o 160º aniversário da aparição
de Nossa Senhora em Lurdes, peçamos à Viregem Maria que interceda pelo povo do
Yêmen e todos os países africanos que sofrem o mesmo conflito. Que cada um
possa ter acesso à alimentação, à água potável e aos cuidados necessários. Que
cessem estas guerras que destroem os países e desestabilizam o equilíbrio frágil
dessa parte do mundo. Amém.
A
vocês que buscam a paz neste mês de janeior 2018
Intenção de oração : Os Rohingyas,uma minoria em perigo
Antes da colonização, a Birmânia não existia como uma
entidade nacional ; ao colonizar essa região do mundo, o império britânico
reuniu alguns reinos que foram agrupados uns aos outros. Do ponto de vista
religioso, dois terços são budistas, os Bamars ; o um terço restante é
composto de todo tipo de grupos étnicos e religiosos. Em 2015, o triunfo
eleitoral do partido de Aung San sun Kyi (Prêmio Nobel da Paz ) inseriu a
Birmânia no caminho da democracia mas sem ter nenhum poder sobre os negócios
reservados ao exército composto, quase unicamente, de Bamars budistas ; en
consequência, os generais ocupam os postos chaves, en particular, o Ministério
do Interior.
No final de agosto 2017, a insurreição dos rohingyas muçulmanos, que desde 2012 não têm acesso à escola, ao mercado de trabalho, aos hospitais e são privados de cidadania, deu início a uma repressão sanguinária da parte das Forças Armadas birmanes, forçando – contra a vontade – centenas de milhares de rohingyas a fugir para o Bangladesh, país extremamente pobre da parte oriental da Índia.
Atualmente, cerca de 900.000 muçulmanos rohingyas se abrigam em tendas de lona do Bangladesh onde mais de 600.000 dentre eles chegaram desde agosto para fugir do que a ONU considera como uma limpeza étnica. As autoridades bangladesas temem uma explosão demográfica no seio dessa comunidade onde as famílias são, tradicionalmente, numerosas; o que agravaria a precariedade de condições de vida. O plano familiar bangladês, após a distribuição de contraceptivos entre os rohingyas, remete a métodos mais radicais tais como a vasectomia e ligaduras de tropas, na base do voluntariado. Encurralados em uma situação da qual não podem escapar, impedidos de trabalhar no Bangladesh, os refugiados rohingyas vivem, segundo vários registros da ONU, em condições de vida próximas do inumano : superpopulação, falta de acessoaos cuidados básicos, inatividade, etc.
Com os rohingyas da Birmânia, ressurgiu o eséctro deuma opressão das minorias étnicas e religiosas praticada em outros países desdehá muito tempo. Ao curso de sua recente visita aos cristãos da Birmânia, e doBangladesh, o Papa Francisco insistiu sobre a necessidade de que a Comunidade Internacional defenda os interesses e os direitos das minorias religiosas.
Oremos :
Senhor Jesus, tu que conheceste o exílio e a perseguição, que o Espírito Santo inspire os dirigentes de todas as nações afin de que cessem as perseguições contra as minorias e que sejam respeitados os direitos do homem em todos os países. Amém.
A
todos os que buscam a paz neste mês de setembro 2017
Intenção de Oração : A paz na
Colômbia
Será na Colômbia a próxima visita apostólica do Papa
francisco, de 6 a 10 de setembro. Vem trazer seu apoio em relação ao processo
de paz que recentemente teve fim após cinquenta anos de uma guerra civil que
custou milhares de vidas. A Igreja católica desempenhou um importante papel
nesse processo e, dessa forma, é uma instância apreciada pela maioria da
população.
De 1964 a 2016, uma guerra civil, com efeito, opôs o
governo colombiano à guerrilha marxista das Forças Armadas Revolucionárias
colmbianas – FARC. Também o acordo assinado com as FARC no último dia 25 de novembro, vira
uma página na história colombiana. Permitindo aos guerrilheiros de se
integrarem na vida política do país, a Colômbia se inscreve nos processos
iniciados por outros países como a Irlanda do Norte, onde o IRA renunciou à
luta armada e onde seus membros encontraram espaço na vida política local.
A Igreja católica desempenhou um importante e
reconhecido papel nesse processo de paz que é, de alguma forma, a
« diplomacia da misericórdia » querida ao papa Francisco. Mocoa,
cidade amazônica, foi atingida por uma avalanche no último 31 de março ;
ora, no dia 6 de abril, em visita nessa cidade, o representante do papa saudou
os esforços conjuntos do Estado e da ex-guerrilha das FARC em assistência às
vítimas, estimando que sua reação coordenada nesse evento trágico foi um sinal
de encorajamento da boa vontade das duas partes para uma saída concreta e
definitiva do conflito.
Mas, apesar desses avanços políticos, a violência
continua frequente, principalmente em relação aos defensores dos Direitos
Humanos, sindicalistas, jornalistas e sobre membros da Igreja. Se o conflito
com as FARC pode ser considerado como sanado, uma outra guerrilha vinda da
extrema esquerda, a Armada de libertação Nacional, ainda não foi sanada. É para
uma população ainda traumatizada pela violência e fragilizada por tantos anos
de lutas, que o papa vem trazer consolação e esperança. Nós podemos acompanhar
sua iniciativa por meio de nossas orações.
Rezemos :
Senhor Deus da Paz, Isaías, teu profeta, anunciou que um dia « as espadas
serão transformadas em enxadas e as lanças em foices » (Is 2;4). Nós te
suplicamos , pois, de não se demorar no cumprimento dessas palavras. Faça com
que a visita do papa franciscona colômbia consolide a paz nascente ; que
tua misericórdia possa se exprimir, e que venha para todos uma paz justa e
durável. Amém.
A todos que buscam a paz neste mês de agosto 2017
Intenção de oração: a formação para a paz entre os jovens do Burundi.
O Burundi é um pequeno país da África Central, minado por conflitos étnicose políticos desde sua ascenção à independência em 1962. O REJA (Rede de Jovensem Ação pela paz) nasceu em 2001, em plena crise, para reconciliar os jovens e criar uma vasta rede que seria mais eficaz. Hoje, o REJA conta com 164 associações. A missão é a de estabelecer um mundo no respeito e bem-estar de cada um. Esta promoção da paz é, sobretudo, confiadaaos jovens que representam 0% da população. Os jovens aprendem a gerir conflitos a partir da meditação e do debate. Aderindo a esta rede, eles se engajam a:
- ter um espírito patriótico;
- estar consciente de seu papel na consolidação da paz resistindo aos diversos tipos de manipulação;
- adotar comportamentos responsáveis;
- abster-se de aderir aos movimentos de violência;
- cultivar o valor da verdade.
Uma campanha de mobilisação de jovens para a cultura de paz no Burundi foi lançada, propondo-se a promover uma cultura de paz no seio da juventude para que ela invista no lento e trabalhoso processo de consolidação da paz.
Os membros da representação local da UNESCO organizam a campanha em conjunto com a REJA. Essa campanha, sob a égide do PaynCop (rede panafricana de jovens pela cultura da paz) se inscreve no prolongamento de uma outra campanhalançada no Gabão em julho de 2016 e na Angola em dezembro de 2016.
Entre as atividades realizadas, destacam-se: a produção e difusão de material publicitário, participação em programas de rádio, criação de uma canção sobre a cultura de paz. Em consequencia, algumas mídias sensibilizarão os jovens a valorizar a tolerância e a aceitação mútua em suas diferenças. Os talentos dos jovens artistas e atletas burundeses serão também requisitados e colocados ao serviço da promoção da cultura de paz.
Rezemos: Senhor, permita que, a exemplo dos jovens burundeses, nós nos tornemos artesãos da paz e que formemos as jovens gerações a se tornarem também artesãos da paz. Que todos, com o sustento da oração de Nossa Senhora, rainha da Paz, construamos um mundo mais fraterno. Amém.
A vocês que buscam a paz neste mês de julho 2017
Intenção de oração: os povos indígenas no Brasil
Nomeado no dia 31 de agosto para assumir o lugar de Dilma Roussef, o novo presidente do Brasil, Michel Temer, inscreve o retorno de um conservadorismo econômico e político. Razão para se colocar novamente em questão os direitos adquiridos, especialmente os direitos dos pequenos agricultores e povos indígenas . O anúncio, em maio, do fim da Secretaria Especial de Agricultura Familiar provoca inquietação; Com efeito, 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros provêm da agricultura familiar.
Os povos indígenas estão entre os grandes perdedores desta nova orientação econômica. Cortes drásticos foram feitos no orçamento da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), de forma que a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) diminuiu o orçamento que havia sido destinado. Contra os trabalhadores sem terra e contra os povos indígenas que tentaram se opor a essa política fazendo valer os seus direitos, a FPA sugeriu ao presidente Temer enviar a Polícia Federal para fazer a « mediação » nas áreas « invadidas » ! Motivo para reforçar o sentimento expresso pela opinião pública brasileira de que o gigante sulamericano vive um retrocesso de mais de trinta anos. Apesar de reconhecidos e protegidos pela Constituição de 1988, os povos indígenas estão, cada vez mais, ameaçados pela exploração de matéria-prima. O Programa de Aceleração do Crescimento, destinado a desenvolver a infraestrutura relacionada à energia e transporte, foi concebido para melhor explorar as riquezas naturais do Brasil. Os povos indígenas que vivem na Amazônia, região rica em matéria-prima, querem preservar suas terras, a única riqueza da qual eles podem usufruir. Mas a violência não para de aumentar: o desmatamento sem limites, a criação de complexas hidrelétricas, e a exploração do petróleo ameaçam diretamente as populações indígenas. Privados de suas terras, eles não podem mais cultivar a mandioca, o arroz e o feijão que são os produtos de base de sua alimentação, nem continuar a criação de porcos e galinhas ou dedicar-se à pesca de março a setembro. Monsenhor Roque Paloschi (1), arcebispo de Porto Velho (Amazônia) desde outubro 2015, declarou ao CCFD (Comitê Católico contra a Fome e pelo Desenvolvimento) que « existem no Brasil grupos radicais, muito influentes na Câmara dos Deputados que, alimentados pelo oportunismo do agronegócio e do capital internacional, destroem tudo, a começar pelo que há de mais sagrado que é a vida dos povos do planeta ».
Rezemos : Pela Igreja no Brasil, seus pastores e todos os seus missionários. Que ela esteja presente ao lado das populações que sofrem, impedidas de viver dignamente.
Que ela possa, sem entraves, assumir a missão que Tu, Senhor, lhe confiaste.
Que ela seja testemunho de tua ternura e tua misericórdia em vista dos mais fracos.
Dom Roque Paloschi, originário do Sul do Brasil, grande amigo do Irmão Irineu, teve a oportunidade de lhe visitar em Tournay, durante uma visita que fazia a Roma. Sua vinda foi um grande consolo para o nosso irmão que já estava tão abatido pela doença.
A todos
os que buscam a paz neste mês de junho 2017
Intenção de oração: a AIS -
Ajuda à Igreja que Sofre[1]
O ano 2017 celebra diversos jubileus: 500 anos da Reforma, 300 anos
da fundação francomaçônica, 100 anos da revolução bolchevique na Russia e os
100 anos da aparição da Virgem em Fátima. Atenhamo-nos nos 70 anos da fundação
da AIS - Ajuda à Igreja que sofre.
Fundada em 1947
pelo padre Werenfried, inicialmente para ajudar os cristãos da Alemanha do
Leste obrigados pelo regime comunista a viver isolados e vítimas de numerosas formas
de discriminação. Progressivamente, praticando um método chamado "a
revelação do Amor", a AIS se difundiu por outros países, respondendo aos
apelos dos papas sucessivos, principalmente os países mais expostos às
perseguições e aos sofrimentos múltiplos, estabelecendo-se em 150 países.
Essa "revolução do Amor" se enraíza na meditação do mistério
da cruz de Cristo e de seu coração transpassado. Em 70 anos de uma história
rica e multiforme, podem-se ser citados milhares de fatos que se mostraram uma
verdadeira fonte de esperança. Não ha outra explicação senão a que nos é
revelada por meio da leitura desta passagem do Evangelho segundo João:
"Deus enciou seu Filho ao mundo, não para julgar o mundo, mas para que,
por meio dele, o mundo seja salvo" (Jo 3,17). Se grande parte do mundo
ocidental não conheceu a guerra desde 1945, não é exato afirmar,
consequentemente, que a guerra não existe. Os numerosos atentados perpetrados
na Europa dizem aos diversos responsáveis políticos que "nós estamos em
guerra". O próprio Papa Francisco não hesitou em dizer diversas vezes
sobre uma "guerra fragmentada". Durante sua recente ida a Fátima, o
papa quis reafirmar nossa esperança na realização da promessa da Virgem Maria aos
três pastorzinhos: "No fim seu
coração imaculado triunfará". Neste ano do jubileu de Fátima, podemos
nós esperar nos aproximar deste triunfo do amor? Certamente! A não ser que nós
nos desanimemos de trabalhar e de rezar pela paz.
Confortada por esta esperança e enquanto obra pontifical, a AIS se
comprometeu de se engajar de maeira ainda mais generosa, neste ano de 2017.
Trata-se de um engajamento de amor, mais que um dever de caridade. Um
engajamento de todos que implica em se colocar a serviço dos pobres e fazer
progredir a caridade celebrada no sacrifício eucarístico.
A cada ano, a AIS coleta recursos financeiros par sutentar a Igreja
no mundo. Milhares de igrejas e capelas foram construídas ou reconstuídas. Ela
sustenta financeiramente a formação de seminaristas de países pobres. Difunde a
Bíblia. Milhares de padres podem viver decentemente graças às ofertas de missas
transferidas pela AIS. Centenas de programas e=de rádio e televisão foram
financiados para encorajar cristãos isolados. Milhares de veículos foram
comprados para propagar o Evangelho. O Informativo da AIS nº 182 apresenta
todos esses detalhes sobre essas ações em busca de se fazer próximo dos
cristãos em situação difícil, quaisquer que sejam as razões.
No último 25 de maio, na saída de seu encontro no Vaticano, o papa
Francisco ofereceu ao presidente Donald Trump um medalhão de bronze
representando uma oliveira unindo dois pedaços de terra, e explicou: "o
rompimento simboliza a divisão pela guerra, e a oliveira, meu desejo de
paz". "Nós temos necessidade de paz", respondeu D. Trump.
Oremos:
Senhor, neste ano do jubileu de Nossa Senhora de Fátima que a AIS
escolheu como padroeira, venha o Teu Espírito Santo, Espírito de paz, Espírito
de comunhão, iluminar todas as comunidades cristãs. Encoraja a todos os teus
discípulos para que eles ajam juntos em favor da paz, tal como Maria pediu em
Fátima, empunhando a chama da oração. Amém.
[1] No Brasil, além da sigla "AIS", usa-se também a sigla em
inglês "ACN": "Aid to the Church in Need", visando à
unificação da sigla pelos diversos países onde a fundação atua.
A totos vocês que buscam a paz neste mês de Maio 2017
O último tratado internacional sobre o
comércio de armas entrou em vigor em dezembro de 2014. Esse acordo prevê que as
transações de venda de armamentos sejammelhor controladas para evitar desvios.
Estipula que os países que vendem armamento devem observar como serão
utilizadas as armas vendidas par que o seu uso não seja contrário aos direitos
humanos. Pelo fato de serem as principais vítimas, os países do Sul são os que
mais esperam por medidas mais rigorosas acerca do comércio de armas.
Quais esforços consentem as potências
ocidentais que, para alguns, é o caso da França, se orgulham de ter agido
fortemente pela adoção do tratado ?
Em um relatório
tornado público em dezembro de 2015, ilustres juristas mandatados pela Anestia Internacional colocaram em
evidência que os governantes britânicos e franceses infringem os artigos do
tratado vendendo armas Para a Arábia Saudita, sendo essas armas suscetíveis de
serem utilizadas no Yêmen onde a guerra saudita continua a fazer o caos
humanitário.
A China e outros Estados não siganatários do
tratado protestam sobre a flexibilidade reprovando aos ocidentais que se erigem
em professores de moral apesar de se enriquecerem no negócio de armas.
O desafio de uma
tal regulamentação é considerável pois as armas desviadas acabam, regularmente,
nas mãos de bandos armados e de organizações terroristas. Em um recente
relatório de junho 2016, a Anestia
Internacional comprovou também que o Estado Islâmico constituiu o essencial
de seu arsenal aproveitando-se da « proliferação incontrolada de armas no
Iraque e do controle pouco rigoroso de transferência de armas com destino à
Síria e ao Iraque ». O Estado Islâmico tem grande parte de seu armamento
proveniente de diversos países ocidentais.
Todos os países devem realizar uma avaliação
muito mais aprofundada acerca dos riscos institucionais quando almejam exportar
armas no sentido de evitar que estas caiam em mãos erradas, em particular regulamentando
as atividades de corretagem, uma vez que 85% dos desvios começam por meio de um
contrato de corretagem. Os interesses comerciais e sociais en matéria de
emprego dos Estados que produzem armas desenvolvem um papel importante na venda
de armas donde as reticências a se imporem em vista de medidas de uma
regulamentação eficaz.
Rezemos : Senhor, nós te pedimos, envia teu Espírito santo sobre os governantes
dos países que vendem armas para que sejam vigilantes a fim de que elas não
sejam desviadas e que inocentes não sejam as vítimas desse comércio mortífero.
Amém.
A todos vocês que buscam a paz neste mês de abril 2017
Intenção de oração : Os
Meios de Comunicação Social, atores de paz ou vetores de guerra ?
O poder dos meios de comunicação social
(MCS) tornou-se, incontestavelmente, um « quarto poder » nos últimos
anos. Esse « poder » não se faz sem colocar múltiplas questões.
Recentemente a Igreja na França não foi insistentemente atacada por um canal de
televisão acerca da pedofilia : onde está a verdade ?
No Domingo de Páscoa, a terra inteira ouvirá
novamente a única boa notícia que se deve anunciar ao mundo : O Cristo ressuscitou, ele verdadeiramente
ressuscitou ! Se essa boa notícia pudesse ser anunciada pelos MCS, sem
nenhum limite ou restrição, de um lado a outro do mundo, em todas as línguas e
culturas !
Todo cidadão tem o direito de ser informado
e o dever moral de se informar. A finalidade da informação é, pela descrição,
narrar os fatos e, pela explicação, dar sentido ao evento prevenindo
consequencias possíveis imediatas ou futuras. A maneira de apresentar um fato
pode promover a paz ou difundir a confusão. Uma das consequencias da má informação é, seguramente, a
desorientação das consciências e dos comportamentos.
.
Pode-se falar da neutralidade dos MCS? Em
tempos de guerra, ou mesmo de conflito de qualquer natureza, a informação se
revela como uma poderosa arma, seja para a paz, seja para a guerra. Numerosos
são os exemplos recentes onde o anúncio, por exemplo, de um massacre, pode,
imediatamente servir de pretexto à vingança e a seus efeitos devastadores.
A informação perde seu sentido e torna-se
manipulável quando políticos para convencer seu eleitorado e a mídia para
aumentar sua audiência vão, progressivamente, e insidiosamente, marginalizando
ou ignorando os vetores de circulação de informação. Aqui, jornalistas são
verdadeiros mediadores e dispõem, quase automaticamente, de um verdadeiro poder
para que o conflito seja agravado ou, ao contrário, resolvido.
Numerosos são os MCS que buscam, através de
múltiplos instrumentos, tal como a música, o teatro, os gibis e revistas,
influenciar sobre o comportamento e as percepções convidando a privilegiar a
resolução pacífica de conflitos. A busca pela paz se nutre de paciência e, às
vezes, de discreção, enquanto que os meios de comunicação sociais, obedecem ao
imediatismo, com todas as simplificações abusivas possíveis. A necessária seleção
de informações só dá acesso a uma parte da realidade, privando aqueles que a
recebem de elementos necessários a formar seu julgamento e sua consciência
antes de agir. O problema é grave.
Rezemos : Seja
louvado, Senhor por seus apóstolos, primeiros jornalistas da Boa Notícia da
salvação. Nós te confiamos todos os atores dos Meios de comunicação : que
eles tenham a preocupação pela verdade e pela coerência para que todos
descubram o sentido dos eventos que sobrevêem. Que, por tua graça, todo homem
de boa vontade torne-se mensageiro da Boa Nova que Teu Filho ressuscitado
anunciou na tarde da Páscoa : A Paz
esteja com vocês !
A vocês que buscam a
paz neste mês de Março 2017
intenção: As organizações não governamentais
(ONGs)promotoras da paz
As ONGs desempenham hoje papel fundamental na resolução de conflitos e
crises. No passado, as instituições ditas "de caridade", tais como as
confrarias, ou, mais recentemente, uma associação internacional como a Cruz Vermelha, sempre estiveram
associadas à idéia de preservar a paz, paz civil, paz social. Hoje, elas se
distinguem das instituições políticas e religiosas, voltadas à longevidade e
perenidade; as instituições de caridade devem, de forma ideal, ser temporárias,
como paliativo diante das imperfeições momentâneas dos sistemas políticos e
sociais estabelicidos.
É preciso também salientar que a missão inicial de assistência neutra
das ONGs pode ser prejudicada por ações politicamente marcadas. As ações de
desenvolvimento que elas coordenam são, constantemente, impregnadas pelos
valores, cultura, interesses do país em questão. Há também o risco de elas
serem utilizadas como instrumento político externo; tanto que o presidente
russo Vladimir Putin estabeleceu um projeto de lei que confia ao serviço
secreto a vigilância sobre as organizações estrangeiras. É verdade que diversas
ONGs cumpriram um papel evidente na libertação das Repúblicas da ex-União
Soviética; o que é verdade com relação à Ucrânia e à Geórgia, por exemplo, o
que deixa uma má recordação para o poder atual no Kremlin. Ao longo dos últimos
anos, certos Estados, ao exemplo da Rússia, exercem pressões e ameaças sobre as
ONGs presentes em seu território, buscando, assim, que elas caiam em
descrédito. A multiplicação do controle e das dificuldades administrativas é o
sinal mais evidente de tais atitudes. As ONGs são, por vezes, testemunhas indesejáveis,
como na República Democrática do Congo; suas iniciativas incomodam, como na
Ruanda e no Burundi. Essas organizações não governamentais, salvo raras
excessões, se inscrevem na categoria de instituições que buscam promover um
estado de paz durável.
Por fim, há que se acreditar que, se os ataques e pressões perdurarem,
certas ONGs podem decidir suspender suas atividades em certos países onde sua
presença é indispensável para a população. O exemplo recente da Síria o
demonstrou após os bombardeios de lugares de refúgio, como os hospitais da Cruz
Vermelha ou dos Médicos sem Fronteiras.
Rezemos: Senhor, permita às
Organizações não governamentais assegurar sua missão; que elas possam continuar
a preservar a paz; e envia teu Espírito Santo para que ilumine as mentes e os
corações dos dirigentes, afim de que eles sustentem as Organizações ao invés de
lhes dificultar suas ações. Por Jesus, teu Filho, nosso Senhor. Amém.
A vocês que buscam a paz neste mês de dezembro de 2016
Intenção : Encontrar a paz nas pequenas coisas do cotidiano
Sim, como é bom, como é suave os irmãos viverem juntos e estarem unidos (Sl 132,1). Viver juntos ? O salmista não exalta o cohabitar humano. Sabemos o quanto existe de irmãos que se desentendem exatamente por morar juntos, sob um mesmo teto ; e que « a casa onde se cohabita é a mesma onde se encontra inimigos » (comentário de Santo Hilário de Poitiers)
A paz é um dom de Deus que nasce nos pequenos lugares: num coração, num sonho, numa palavra, num sorriso... A paz é um dom artesanal que nós devemos cultivar e fazer dela um caminho em nossa vida ; fazê-la entre nós, para fazê-la entrar no mundo. « Tu podes falar de paz com palavras explêndidas, por meio de grandes conferências... Mas se, em tua pequenez, no teu cotidiano não há paz, se no teu trabalho não há paz, no mundo tampouco haverá » (homilia do Papa Francisco em Santa Marta, no dia 08/09/2016).
Hoje, em meio à guerra e à violência que continuam a semear o terror em tantos corações humanos, como, lá onde nós vivemos, nos abrir para a paz ? O Papa Francisco nos convida a nos colocarmos esta questão : « como está o teu coração hoje ? Está em paz ? Se ele não está em paz, antes de falar de paz, ponha-o em paz ». Se você não é capaz de fazer avançar na paz a sua família, a sua comunidade, o seu presbitério, como fazê-la avançar no mundo? Palavras de paz não são suficientes. Comecemos por criar um clima de paz em nós e em torno de nós, em vista da paz no mundo ». (homilia de 08/09)
As palavras de Santa Teresa do Menino Jesus não perderam nada de sua atualidade : « Inspiradas e levadas pelo amor, as pequenas coisas adquirem um grande valor ; Jesus não olha tanto a grandeza das ações, nem mesmo a sua dificuldade, mas o amor que está por detrás dessas ações ».
Ao final do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, fomos todos exortados a : « construir um futuro sobre esta terra trabalhando na evangelização do momento presente para fazer agora um tempo de salvação para todos ».
Juntemos nossas preces às preces do Papa Francisco :
« Pedir a Deus a sabedoria para fazermos a paz a cada dia, pois são nesses pequenos gestos cotidianos que nasce a possibilidade da paz em escala mundial ». Que a paz nasça no coração de cada um de nós para construir um mundo de amor e de paz.
Vem, Senhor Jesus, o Príncipe da Paz !
A todos os que buscam a paz neste mês de setembro 2016
Intenção de oração: dizer não ao terrorismo!
No dia 9 de junho de 2016 dois palestinos semearam o terror em Tel-Aviv, fazendo 4 mortos; no dia 4 de julho de 2016 houve um atentado suicida em Bagdá resultando em 300 mortos; no dia 14 de julho de 2016, uma carnificina causada por um caminhão em Nice provocando 84 mortes; dia 27 de julho, o padre Jacques Hamel foi degolado no momneto em que celebrava a missa na pequena igreja de Santo Estêvão de Rouvray. Esses dramas recentes, inclusive vitimando padres e religiosas, fazem parte de uma longa lista que, infelizmente, não para de crescer.
Não se coloca um fim à violência respondendo com violência; ao contrário, legitima-se. É preciso que se busquem outras alternativas de resistência. Em um contexto internacional cada vez mais tenso e violento, é urgente que se tire tempo para refletir e colocar em prática alternativas não violentas.
A mídia tem uma parte de responsabilidade pois, ao mostrar insistentemente informações relatando crimes de guerra, as consciências se acostumam à sua dose cotidiana de violência midiática. As decaptações e cruscifixões realizadas pelo grupo extremista Estado Islâmico são difundidas pelas redes sociais. O risco é de nos colocarmos imediatamente numa atitude de reação, basta um contexto de medo e ansiedade para que uma cultura de guerra se exprima intensamente, já que a violência não é somente um fenômeno exterior, mas interior em nós mesmos. Por outro lado, se apenas 20% dos recursos financeiros utilizados para fazerem a guerra fossem dirigidas para esforços de verdadeiras negociações de paz, soluções pacíficas poderiam ser realizadas. Nossos governantes deveriam refletir sobre os meios eficientes de desarmar todos esses grupos criminosos: meios econômicos, políticos e culturais.
Para por um fim à espiral da violência, não se pode nem legitimá-la, nem banalisá-la. A não-violência é uma luta, um engajamento em uma resis tência voluntária; ela não é a negação de conflitos, nem de combates, nem mesmo de massacres e atentados, mas em uma incansável busca pela paz ela propõe soluções não agressivas.
Senhor, pela graça de teu Espírito Santo, faça que todas as pessoas em luto ou atingidas pelos atentados não tenham o desejo de vingança, afim de não reforçar a espiral da violência. Diante de toda situação de violência, façamos nossa a prece do Padre Christian de Chergé: "Senhor, desarmai-os! Senhor, desarmai-me!". E faça com que o projeto terrorista de provocar uma guerra de religiões não se concretize, mas seja ocasião para que cristãos e mussulmanos se unam e se tornem "parceiros pela paz" partilhando sua fé em um mesmo Deus e reconhecendo a solidariedade intelectual e moral da humanidade. Amém.
Para
todos os que buscam a paz, neste mês de fevereiro 2016
Vencer
a indiferença e conquistar a paz
Em
sua mensagem de 01 de janeiro de 2016, Dia Mundial de Oração pela
Paz, o papa Francisco exortou os discípulos do Cristo a vencer a
indiferença para ganhar a paz. Deus não é indiferente! Deus dá
importância à humanidade, Deus não a abandona! Cada um de nós,
comprometido firmementre e com confiança não deve perder a
esperança de ver progredir a justiça e a paz nesse ano novo. A paz
é dom de Deus, dom confiado a todos e a cada um. Retomar alguns
elementos desse belo texto nos introduz na Quaresma!
Depois
dos dolorosos acontecimentos que marcaram o ano de 2015, saibamos
manter a esperança na capacidade do ser humano de, com a graça de
Deus, vencer o mal e não se render à resignação e à indiferença.
Sob
que formas pode se apresentar a indiferença?
O
indiferente fecha o seu coração por não levar o outro em
consideração.
Fecha
seus olhos para não ver o que está ao redor de si ou se esquiva
para não ser tocado pelos problemas dos outros.
Em
nossos dias, constatamos o fenômeno da "globalização da
indiferença".
*
A primeira forma de indiferença na sociedade humana é a indiferença
para com Deus, da qual procede a indiferença para com o próximo e
com a criação.
*
O aumento das informações que é próprio de nossa época não
acarreta por si mesmo uma maior tenção aos problemas, se não há
abertura das consciências em um sentido de solidariedade.
*
A indiferença se manifesta ainda como uma falta de atenção em
relação à realidade que nos envolve, principalmente a que estiver
mais longínqua.
*
A indiferença, enfim, se expressa em relação ao ambiente natural:
desmatamento, poluição, catástrofes naturais que desenraizam
comunidades inteiras do seu ambiente de vida, forçando-as a viver na
precariedade e na insegurança, ou obrigando-as a migrar, criando
novas situações de pobreza, de injustiça com consequências muitas
vezes nocivas em termos de segurança e paz social.
A
paz pode ser ameaçada pela indiferença globalizada!
A
indiferença para com Deus ultrapassa a esfera íntima e espiritual
do indivíduo e alcança a esfera pública e social. A indiferença
em relação ao próximo pode levar a conflitos, ou, em todo caso,
gerar um clima de insatisfação que arrisca de explodir cedo ou
tarde em violências e inseguranças. Muitas vezes, de fato, os
projetos econômicos e políticos dos homens têm por fim a conquista
ou a manutenção do poder e das riquezas, sem levar em conta os
direitos e as exigências fundamentais dos outros. Quando as
populações veem negados direitos básicos como o alimento, a água,
a assistência médica ou o trabalho, são tentadas a procurar
conquistá-las pela força. A paz está, então, comprometida.
Em
10 de fevereiro, toda a Igreja entrará no tempo da Quaresma.
Saibamos combater nossa indiferença a fim de abrir o coração à
misericórdia que é o coração de Deus. Lá onde a Igreja está
presente, a misericórdia do Pai deve ser manifestada.
Oremos
para que o Espírito de Deus ponha no coração de cada um a
compaixão para "transmitir uma cultura de solidariedade e de
misericórdia para vencer a indiferença. "
"O
jejum que me agrada, por acaso, não é fazer cair as correntes
injustas, soltar os laços que aprisionam, pôr em liberdade os
oprimidos, quebrar todos os jugos? Reparta teu pão com quem tem
fome, acolhe em tua casa os pobres sem-teto, veste a quem vês sem
roupa e não vires as costas ao teu semelhante."(Isaías 58, 6-7
/ leitura da Missa de 12 de fevereiro, sexta-feira depois de Cinzas)
Para todos os que buscam a paz
Janeiro 2016: Orar pela paz com nossos irmãos judeus
Sem dúvida, José, o justo, Maria, cheia de graça e Jesus nascido em Belém da Judéia, são judeus. Eles pertencem ao povo de Israel, o povo escolhido ao qual foi confiada a promessa em uma Aliança firmada com Abraão e constantemente retomada na história de Israel. Paulo afirma na carta aos romanos que os dons de Deus e o seu chamado são irrevogáveis. (Rom 11, 29)
Os vinte séculos de cristianismo desde o "acontecimento Jesus" foram marcados por muita incompreensão, ignorância e também discriminação na relação da Igreja Católica com o judaísmo. No dia 10 de dezembro passado, para marcar o 50º aniversário da declaração conciliar Nostra Aetate, a Comissão Pontifícia para as Relações Religiosas com o Judaísmo publicou um documento de fundamental importância. Ele insistia principalmente na luta contra o antissemitismo que é fator de violência. Ao invocar as raízes judaicas do cristianismo, o documento lembra que "as duas tradições de fé são chamadas a exercer juntas uma vigilância constante, sendo também atentas às às questões sociais. Em nome dos fortes laços de amizade entre judeus e católicos, a Igreja Católica se sente obrigada a fazer com seus amigos judeus tudo que estiver ao seu alcance para combater as tendências anti-semitas. "
De um ponto de vista teológico, o documento reconhece "uma única história da aliança de Deus com a humanidade. No entanto, Israel é o povo escolhido e amado por Deus. É o povo da aliança, nunca revogada ou anulada". "Para os cristãos, a fé judaica, do modo como a Bíblia testemunha, não é vista como outra religião, mas o fundamento da sua própria fé". A consequência dessas afirmações já tinha sido sublinhada por João Paulo II em 1980: "A primeira dimensão do diálogo (entre judeus e católicos), ou seja, o encontro entre o Povo de Deus do Primeiro Testamento, nunca revogado por Deus, e o povo do Novo Testamento é, ao mesmo tempo, um diálogo interno em nossa Igreja, por assim dizer, entre a primeira e a segunda parte da Bíblia".
O rabino David Rosen avaliou as posições explicitadas neste novo documento como significando uma "mudança revolucionária no modo católico de abordar os judeus e o Judaísmo”. "A colocação na prática dessas palavras significa que “os cristãos podem aprender muito com a exegese judaica, praticada há 2.000 anos".
Do ponto de vista ético, o documento indica "o compromisso pela justiça e pela paz no mundo, pela preservação da criação e pela reconciliação. Inclui a Paz na Terra Santa que ainda não se realizou e pela qual oramos constantemente –Esse compromisso desempenha um papel essencial no diálogo entre judeus e cristãos. "Nesse mesmo sentido, o texto de 2.015 lembra ainda as palavras de João Paulo II, em Mainz em 1980: "Judeus e cristãos, uns e outros, filhos de Abraão, são chamados a ser uma bênção para o mundo, na medida em que eles se comprometem juntos pela paz e pela justiça para toda a humanidade. Eles são isso onde eles cumprem isso em plenitude e em profundidade, como o próprio Deus pensou para nós, e com a disponibilidade para os sacrifícios que esse nobre projeto pode exigir".
(para ter acesso ao texto completo da declaração: www.paxchristi.cef.fr)
Oração de São Paulo, quando ele faz memória do seu povo (Rm 11, 33-36):
Ó profundidade da riqueza, da sabedoria e do conhecimento de Deus!
Insondáveis são os seus juízos e impenetráveis seus pontos de vista!
Quem conheceu o pensamento do Senhor?
Porque tudo é dele, por ele e para ele.
A ele seja a glória para sempre! A M É M.
Para lhes dar nossos melhores votos para o ano novo, a equipe de redação retoma as palavras do papa Francisco em sua mensagem para o 1o de janeiro de 2016, Dia Mundial de Oração pela Paz:
Confio essas reflexões, assim como os meus melhores votos para o Ano Novo à intercessão de Maria Santíssima, Mãe atenta às necessidades da humanidade, a fim de que ela obtenha do seu Filho Jesus, Príncipe da Paz, que ele escute nossas súplicas e abençoe o nosso compromisso cotidiano por um mundo fraterno e solidário (Papa Francisco).
DEZEMBRO 2015 REZAR PELA TERRA
Depois dos acontecimentos que trouxeram luto à França, no mês passado, a interpelação ressoa ainda com mais força: como fazer a paz acontecer entre os povos?
Pouco antes da festa de Todos os Santos, em Castel Gandolfo, reuniu-se a Assembleia Europeia das Religiões pela Paz com a participação de judeus, cristãos e muçulmanos. Seu tema foi "acolher uns aos outros: passar do medo à confiança."
Em uma mensagem de boas-vindas, o Cardeal Tauran lembrou que "a verdadeira missão da religião é a paz, porque a religião e a paz caminham juntas." Sim, como podemos transformar o medo em confiança, a discriminação em respeito, a inimizade em amizade? Como passar de uma cultura do descartável para uma cultura solidária e como transformar o confronto em diálogo? Essas são questões que devemos carregar conosco em nossa oração.
O evento COP21 "21a Conferência das partes que assinaram a Convenção do Clima das Nações Unidas" se reveste de uma importância crucial para o nosso futuro comum. Entre as quatro questões sublinhadas pela Comissão Justiça e Paz, como aquilo que está em jogo, a questão prática, o desempenho de responsabilidades, o desafio da solidariedade, sem deixar de lado essas questões prévias, prestemos atenção ao quarto item que está em jogo: a dimensão espiritual e que nos compromete na oração.
O quarto ponto é de ordem espiritual e moral porque a crise climática decorre desse desafio (o espiritual). “Nós não herdamos a terra de nossos antepassados. Nós a pedimos de empréstimo a nossos filhos”, diz um provérbio africano, citado por Antoine de Saint-Exupéry no livro “Terra dos Homens” (1939). Nesse sentido, a voz das autoridades religiosas é considerada como um aliado importante para o êxito dessa Conferência sobre o clima.
Não é por acaso que esse esse encontro se realiza na França, país que reivindica a laicidade e que ele seja preparado com a contribuição das vozes de tantas religiões e espiritualidades. Essas vozes trazem o senso de um bem-comum para a humanidade. "(Carta da Comissão Justiça e Paz, n ° 206, outubro 2015 / http://www.justice-paix.cef.fr)
O sucesso ou o fracasso da COP21 vai ter um impacto direto sobre a realização ou o recuo da paz entre os povos. Pensemos, particularmente, no desequilíbrio demográfico provocados pelas migrações climáticas.
Nesse sentido, é significativo que, no dia 26 de outubro último, em Roma, tenha sido lançado um apelo assinado por Cardeais, Patriarcas e Bispos do mundo todo, representando os cinco continentes. Na continuidade da Encíclica Laudato Sii esses pastores reafirmam que o clima é um bem comum de toda a humanidade e o ambiente é um bem coletivo, sob a responsabilidade de todos.
Os pobres, primeiras vítimas das mudanças climáticas, devem ser associados ao desenvolvimento sustentável. O apelo de Roma se concretiza em dez apelos concretos que vocês podem encontrar seguindo o link abaixo:
HYPERLINK "http://zenit.org/fr/articles/cop21-appel-inedit" http://zenit.org/fr/articles/cop21-appel-inedit
Em 1967, o papa Paulo VI já afirmava: "o desenvolvimento é o novo nome da paz. "
Oremos para que cresça a nossa consciência ambiental: ela vai nos conduzir à paz.
Oração pela terra, na conclusão do apelo de Roma:
Deus de amor, ensina-nos a cuidar da nossa casa comum. Inspira nossos governantes na ocasião dessa reunião deles para que:
• escutem o grito da terra e o grito dos pobres
• e se unam com o coração e o espírito para responder com coragem à busca do bem comum e da proteção deste jardim que criaste para nós, para nossos irmãos e irmãs e para as gerações futuras. A M É M.
MARÇO 2015: PELA PAZ, CONTRA O TERRORISMO!
A vocês todos que procuram a paz:
Paz !
Os atentados terroristas na França, em janeiro de 2015, nos convidam a rezar com fervor para que o terrorismo acabe. Os fatos são conhecidos: no dia 7 de janeiro dois jihadistas franceses, os irmãos Kouachi, invadiram o jornal Charlie Hebdo, matando onze pessoas, entre eles colaboradores do jornal e policiais, e deixando onze feridos; dia 8 de janeiro, em Montrouge, Amedy Coulibaly, um conhecido dos irmãos Kouachi, matou um policial municipal e machucou mais uma pessoa; dia 9 de janeiro, os irmãos Kouachi se refugiaram numa gráfica em Dammartin-en-Goele, em Paris, que resultou na morte de 17 pessoas, policiais e clientes, assim como a dos três assassinos. Outros atentados e manifestações antissemitas aconteceram na França e em outros lugares, como na Dinamarca. Tudo isso provocou uma grande reação da sociedade e dos governos, como vimos no dia 11 de janeiro, dia de grandes manifestações, reunindo em torno de 4 milhões de pessoas, em várias cidades na França e do mundo.
O terrorismo constitui uma forma muito cruel de violência que despreza totalmente o direito internacional humanitário: ele se manifesta da maneira mais inesperada possível, visto que os alvos não são objetivos militares, como numa guerra declarada, mas os lugares da vida cotidiana. O terrorismo ataca a dignidade humana e constitui uma ofensa a toda humanidade. Ele deve ser totalmente condenado e nada pode justificá-lo. Na sua lógica, os fins justificam os meios, e o homem se torna um simples instrumento. No entanto, a eliminação do terrorismo não é simples e supõe um conjunto de medidas que incluem políticas de segurança, inclusão social e cultural, de cooperação internacional e também de educação para não violência e para a paz. A responsabilidade penal do terrorismo continua pessoal e não pode ser atribuída às religiões, às nações, às etnias às quais pertencem os terroristas. Justificar o terrorismo em nome de Deus constitui uma profanação e uma blasfêmia, pois que pretendem possuir a verdade divina. Às religiões é dada a missão de colaborar para eliminar as causas do terrorismo e para promover a amizade entre os povos (Cf. João Paulo II, Decálogo de Assis pela paz, 1, 24 de fevereiro 2002). Nenhuma religião pode tolerar o terrorismo e muito menos pregá-lo (Cf. João Paulo II, mensagem pelo Dia Mundial da Paz, 2002, 7). Não podemos qualificar como “mártires” aqueles que morrem nos atos terroristas, pois mártir é aquele que morre para não renunciar a Deus, e não aquele que mata em nome de Deus.
Afim de que a não-violência possa prevalecer sobre o terrorismo, rezemos ao senhor:
Senhor, Deus da paz, Tu nos deste, no Monte Sinai, através de Moisés, o mandamento de não matar; no Monte Tabor, através de Jesus, Tu nos ensinaste a não responder ao mal pelo mal, mas pelo bem. Olhai com carinho a humanidade ameaçada pela violência do terrorismo! Consola com teu amor todos os que foram tocados por esses atentados! Desperte a consciência dos cidadãos para que toda humanidade possa reagir com vigor a essa violência! Inspire os crentes e os dirigentes de todas as religiões a fim de que sejam artesãos da paz e que os radicalismos e os fanatismos religiosos sejam erradicados! E assim, pela força da tua graça, toda terra viverá em paz, e nenhum mal será praticado diante da tua face! Amém!
Com toda minha amizade,
Ir. Irineu Rezende Guimarães
Monge beneditino da Abadia de Notre-Dame, Tournay, França.
Tournay, 25 de fevereiro de 2015.
DEZEMBRO 2014: NÃO MAIS ESCRAVOS, MAS IRMÃOS
A vocês todos que procuram a paz:
Paz!
« Não mais escravos, mas irmãos ». Esse é o tema escolhido pelo Papa Francisco para a 48ª Jornada Mundial da Paz que acontecerá no dia 1º de janeiro de 2015, dando continuidade a uma tradição iniciada pelo Bendito Papa Paulo VI, em 1968.
O Papa Francisco se inspirou na Carta que São Paulo escreveu a seu amigo Filomeno pedindo-lhe para receber Onésimo, um escravo fugitivo que se tornou cristão. Paulo pede a Filomeno para receber o escravo « não mais como um escravo, mas muito melhor do que um escravo, como um querido irmão ». Ao evocar este verso bíblico o Papa deseja que nós consideremos a escravidão não como um fato que pertence ao passado, mas como uma verdadeira ferida social bem presente em nosso tempo. Em suas mensagens o Papa insiste no fato de que nossa filiação divina torna todos os seres humanos em irmãos e irmãs, com a mesma dignidade. Ora, a escravidão é um atentado contra essa fraternidade universal e, por consequência, contra a paz. De fato, para que haja a paz, é preciso que o ser humano reconheça no outro um irmão que possui a mesma dignidade.
Hoje em dia a escravidão acontece de diferentes formas, como por exemplo, o tráfico de seres humanos, a exploração dos imigrantes e da prostituição, o trabalho forçado, a exploração do homem pelo homem, a mentalidade escravagista em relação às mulheres e às crianças. E estas feridas são exploradas vergonhosamente por indivíduos e grupos que se aproveitam dos conflitos, da crise econômica e da corrupção. A escravidão não é somente uma terrível ferida aberta na sociedade contemporânea, mas também uma grave ferida na carne de Cristo! Precisamos, antes de tudo, reconhecer a inviolável dignidade de cada ser humano e reafirmar ao mesmo tempo a fraternidade - o que engloba a exigência de superar a desigualdade, na qual um homem pode escravizar o outro - e promover um engajamento de proximidade e gratuidade para um caminho de libertação e inclusão de todos. Desta maneira poderemos construir uma civilização baseada na dignidade de todos os seres humanos, sem nenhuma discriminação. Isso requer o engajamento do mundo da informação, da educação e da cultura por uma sociedade renovada e fundada sobre a liberdade, a justiça e a paz.
A fim de que esta mensagem do Papa seja acolhida por todos os homens e mulheres de boa vontade, pelos governos e por todas as igrejas e religiões, rezemos ao Senhor:
Senhor, Deus da Paz, teu filho Jesus Cristo veio para anunciar que nos somos todos filhos e filhas de um mesmo Pai, e, por consequência, irmãos e irmãs uns dos outros. A escravidão de uma pessoa por outra fere profundamente esta fraternidade universal. Assim, nós te suplicamos que nos dê a força moral de denunciar e suprimir todas as formas de escravidão existentes em nosso meio. Desta maneira nós estaremos realizando a verdade do Evangelho anunciada por São Paulo: "Não há escravo nem homem livre, (...), pois somos todos um em Jesus Cristo!" (Ga 3,28). Amém.
Com toda minha amizade,
Dom Irineu Rezende Guimarães
Monge beneditino da Abadia de Notre-Dame, Tournay, França.
Tournay, 13 de novembro de 2014.
OUTUBRO 2014 : PELA PAZ NO IRAQUE
A todos vocês que procuran a paz :
Paz !
Mais uma vez o Iraque chama a atenção da opinião pública internacional em função da sua instabilidade política. Eu vos convido a rezar pela paz nesse país milenar, berço da civilização, que vive agora uma situação dramática.
A estabilização política desse país e a queda do seu ditador, Saddam Hussein, constituiu a principal razão da “Operação Libertação do Iraque”, intervenção armada dos Estados-Unidos e sua coalizão, em 20 de março de 2003. Oito anos e nove meses depois, em 21 de dezembro de 2011, os EUA deixam este país. Essa guerra deixou 250 mil iraquianos mortos, quase cinco mil soldados mortos e mais 36 mil militares feridos. A ausência de uma potencia militar expressiva deixou espaço para ação dos grupos rebeldes sunitas, principalmente o Estado Islâmico do Iraque, que continuam seus ataques contra o governo central e a população xiita. Em 2012 um “Exército Iraquiana Livre” foi fundado, baseado no modelo do exército sírio, combatendo o regime de Bachar el Assad, na Síria. As estimativas são de mais de 15 mil mortos, vítimas dessa guerra civil, e mais de 250 mil pessoas obrigadas a se mudarem, por causa da perseguição religiosa, sobretudo os cristãos e os jihadistas.
Frente às inúmeras e terríveis violações dos direitos do homem, as Nações Unidas são chamadas a assegurar o emprego imediato das unidades militares especiais, vindos do maior número possível de países, unidades que terão a capacidade necessária para parar a purificação étnica e sectária que está ocorrendo, assegurando o retorno seguro dos refugiados para seus lares e levando os responsáveis perante a justiça. Faz-se necessário também tomar medidas para parar a provisão de armas dos responsáveis e sancionar aqueles que continuam lhes fornecendo. Uma resposta imediata será capaz de parar a crise humanitária, e isto antes que ela tome proporções incontroláveis. Isso supõe também medidas de proteção aos membros das comunidades minoritárias perseguidas e, segundo o direito humanitário internacional, lhes garantir um direito de asilo imediato. Esse conjunto de iniciativas permitirá instalar imediatamente as condições de diálogo e de negociações de paz que incluem todos os componentes da sociedade.
Para uma tomada de posição clara e corajosa de toda comunidade internacional, rezemos ao Senhor:
Senhor, nosso Deus, Deus dos vivos e não Deus dos mortos, olhai com compaixão o país em que nasceu o patriarca Abraão, o Iraque. Cumpra para este povo tuas promessas de paz! Que cessem as violações dos direitos do homem! Que possamos constituir um país democrático e tolerante, de maneira que os cristãos, os muçulmanos e os crentes de todos os credos possam viver juntos, construindo uma cultura de cordialidade e uma civilização da qual eles se orgulhem! Que nenhuma religião justifique as violências e que todas as religiões possam trabalhar juntas em favor da dignidade humana! Amém.
Com toda minha amizade,
Dom Irineu Rezende Guimarães
Monge beneditino da Abadia de Notre-Dame, Tournay, França
Tournay, 20 de agosto 2014.
AGOSTO 2014 : A PAZ E A REUNIFICAÇÃO DA PENÍNSULA COREANA
A todos vocês que procuram a paz:
Paz!
Eu vos convido a
acompanhar com a nossa prece a viagem do Papa Francisco na República da Coréia,
do 13 ao 18 de agosto. O Papa Francisco continua sua peregrinação nas regiões
em conflito, para testemunhar o Evangelho da Paz.
A divisão da península coreana se fez, no final
da guerra da Coréia em 1953, com a criação da Republica Popular Democrática da
Coréia no norte, e da República da Coréia no sul. No dia 04 de julho de 1971 as
duas partes declararam o seu desejo de reunificação pacifica, sem ingerência
estrangeira. No final da guerra fria, em 1991, as duas Coreias entraram
conjuntamente nas Nações Unidas, assinando acordos de reconciliação, de não
agressão, de trocas e de cooperação.
O desafio da unificação desta região concerne também à
consciência cristã. O Conselho Mundial das Igrejas, organismo que reúne mais de
300 igrejas cristãs, celebrou em 2013 na cidade de Busan, na República da
Coréia, a sua décima assembleia geral com o tema «Deus da Vida, conduza-nos
para a justiça e a paz! », e aprovou uma declaração chamada « A paz e
reunificação da península coreana ».
Neste documento encontramos pistas de ação, como por exemplo:
- encorajar o Conselho de segurança das Nações Unidas
a tomar iniciativas tendo em vista a
edificação da paz e a levantar sansões impostas à Coreia do Norte ;
- lançar uma campanha universal tendo em vista um
tratado de paz que substituirá o Acordo do armistício de 1953, terminando assim
com o estado de guerra;
- chamar todas as potencias estrangeiras da região para
colocarem um fim em todos os exercícios militares e reduzirem as despesas
militares ;
- preocupar-se com a eliminação das armas e das
centrais nucleares, tendo em vista o estabelecimento de uma zona sem centrais
nucleares, apoiando assim as iniciativas de uma proibição mundial de armas
nucleares;
- convidar os dois governos a restaurar a comunidade
humana fundada sobre a justiça e a dignidade humana, promovendo um processo
durável de troca de comunicação entre as famílias que foram separadas;
- colaborar com os dois governos para promover uma
cooperação internacional tendo em vista manter uma zona realmente desmilitarizada,
transformado-a numa zona de paz.
Para que estes propósitos se concretizem e para que a
viagem do Papa Francisco produza os frutos esperados, rezemos ao Senhor:
Senhor,
nosso Deus, tu enviaste Jesus cristo, teu Filho e nosso Senhor, para destruir
os muros de separação entre os povos, reunindo um só povo, este que te é
agradável e que pratica a justiça e a paz. Por ocasião da visita do Papa
Francisco à República da Coréia, nós te suplicamos pela paz e pela
reconciliação nesta península: que as despesas com as armas sejam empregadas
para ações que promovam a dignidade humana. Amém.
Com toda minha amizade,
Irmão Irineu Rezende Guimarães
Monge beneditino da Abadia de Notre-Dame, Tournay, França.
Tournay,
22 de julho de 2014.
A todos vocês que buscam a paz:
Paz!
Este mês eu lhes convido a rezar pela paz na República
Centro-Africana. Desde 2003 este país vive um conflito entre duas facções: a
que sustenta o ex-presidente François Bozizé, conhecida pelo nome anti-balaka,
e a facção que sustenta o antigo presidente, Michel Djotodia, chamada Seleka.
Este conflito político e militar é um conflito intercomunitário, com inúmeras
pilhagens contra civis, muçulmanos ou cristãos, que fogem das cidades para
encontrar refúgio no interior. Este conflito atinge também uma dimensão
internacional, de tal forma que o Conselho de Segurança das Nações Unidas, no
dia 05 de dezembro de 2013, através da resolução 2127, autorizou o
« prolongamento da Missão Internacional de apoio à Centro África com
gerenciamento africano (MISCA) por um período de 12 meses », com a finalidade
de acabar com a «falência total da ordem pública, a ausência do estado de
direito e as tensões interconfessionais. »
Os bispos da
República Centro Africana insistem sobre o fato de que a resolução da crise
somente se fará com a participação dos cidadãos e os convidam a assumir sua
parte de responsabilidade nesta crise que mergulhou o país no caos e que colocou
uns contra os outros. Para eles, «os jogos políticos e a defesa de interesses
egoístas e particulares esvaziaram a sociedade dos valores humanistas e do
respeito pela pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus. (…) Matar tornou-se
um ato banal e sem gravidade». Mais do que uma luta política, os bispos centro
africanos afirmam que « a verdadeira batalha é a do desenvolvimento, da
revitalização econômica e da luta contra a pobreza, a miséria e a
impunidade ». Concretamente os bispos propõem vários caminhos como: a
reconstrução do aparelho de segurança através do reestabelecimento urgente de
um exército republicano, formado e equipado para assegurar a segurança do
território nacional e de todos os Centro africanos e Centro africanas ; a
redução do período de transição e a organização de eleições ; o
estabelecimento de uma comissão de enquete internacional independente para investigar as violações dos direitos
humanos na Centro África ; o envolvimento urgente dos soldados casques
bleus, visto a complexidade da operação no território ; um desarmamento
sem exceção dos ex-seleka, dos anti-balaka e de toda pessoa que tenha
uma arma ; o estabelecimento do processo de desmobilização, desarmamento e
repatriamento dos mercenários tchado-soudaneses e a reinserção dos combatentes
centroafricanos ; a promoção do diálogo entre os fiéis das diferentes
religiões que ali coabitam ; a indenização das vítimas da rebelião ;
a luta contra o sistema de exclusão social baseado no pertencimento étnico,
religioso e regional ; o estabelecimento de uma relação saudável com os
países vizinhos, especialmente com o Tchad (http://justice-paix.cef.fr/IMG/pdf/Reconstruisons_ensemble_notre_pays_dans_la_paix.pdf).
Para que a paz volte a este país, rezemos ao Senhor:
Ó Deus da Paz, teu filho Jesus
Cristo, pela sua morte e Ressurreição, destruiu o muro de ódio entre os povos.
Nós te pedimos por nossas irmãs e irmãos da República Centro África; que eles
possam realizar o desarmamento das mãos, do coração e do espírito; que eles
possam recuperar a confiança, a tolerância e o perdão; que eles possam enfim
renovar sua esperança em Ti e no homem. Que eles vivam assim a cultura da
verdade, da justiça e da paz que Jesus nos legou. Amém.
Com toda minha amizade,
Dom Irineu Rezende Guimarães
Monge beneditino da Abadia de Notre-Dame, Tournay, França
Tournay, 18 de abril de 2014.
MARçO 2014 : A PAZ E A PARTICIPAçAO DAS MULHERES
ABRIL 2014 : A PAZ E AS FAMILIAS
A todos vós que procurais a paz:
Paz!
O
Papa Francisco convocou para o mês de outubro deste ano a Assembleia Geral
Extraordinária do Sínodo dos Cardeais, para discutir sobre o tema « Os
desafios pastorais da família no
contexto da evangelização ». Dia 02 de fevereiro ele escreveu uma carta a
todas as famílias convidando-as a participar ativamente na preparação deste
encontro, através de sugestões e, sobretudo, através da oração.
Para
nós é uma oportunidade de orar e refletir sobre a contribuição das famílias
para a paz sobre a terra. O Papa João-Paulo II consagrou a mensagem do Dia Mundial
da Paz de 1994 sobre este tema: « Da família nasce a paz da família
humana ». Nesta oportunidade João
Paulo II reflete sobre a família como uma comunidade de vida e de amor:
« As virtudes familiares, fundadas sobre o profundo respeito para com a
vida e a dignidade do ser humano, e traduzidas em compreensão, paciência, a
sustentação e perdão mútuos, dão para a comunidade da família a possibilidade
de viver a experiência primeira e essencial da paz » (n° 2). No entanto,
ele constata que muitas vezes a família é uma vítima da ausência da paz e que
« contrariando a sua vocação primeira de espaço da paz, infelizmente a família
se revela, em inúmeros casos, como um lugar de tensões e de violência, ou
então, como vítima desarmada de várias formas de violência que caracterizam a
sociedade atual » (n° 3-4) Nossa própria
experiência nos mostra quantos lares são destruídos por disputas e conflitos,
seja entre pais e filhos, seja entre irmãos, e na maior parte das vezes por
motivos mesquinhos. Apesar de todos estes limites, podemos considerar a família
como uma protagonista da paz: «Para que
as condições da paz sejam duráveis, é necessário que existam instituições que
exprimam e que reafirmem os valores da paz. A instituição que corresponde da
maneira mais imediata à natureza do ser humano é a família. Somente ela pode
assegurar a continuidade e o futuro da sociedade. “Assim, a família é chamada a
se tornar protagonista ativa da paz, graças aos valores que ela exprime e que
ela transmite no interior do lar, e graças à participação de cada um dos seus
membros na vida em sociedade» (n° 5). Para realizar esta missão é preciso,
sobretudo, vencer o desafio da pobreza: «A
indigência sempre é uma ameaça para a estabilidade social, para o
desenvolvimento econômico e, assim, finalmente, para a paz. A paz ficará em perigo enquanto pessoas e famílias
se verão obrigadas a lutar pela sobrevivência » (n°5). Por fim, João
Paulo II compreende a missão da família como um serviço para a paz. Assim ele
recomenda e sugere a cada família: «Procure esta paz, ore por esta paz,
trabalhe por esta paz! » (n° 6). Os pais são chamados a serem educadores
da paz; as crianças, a se preparar para o futuro, almejando o bem e cultivando
pensamentos de paz ; os avós, a comunicar sua experiência e seu testemunho
para religar o passado e o futuro em um presente de paz. Para os que não têm
família, a Igreja é encarregada de cumprir esta responsabilidade sendo a grande
casa das crianças de Deus (n°6).
Para
que as famílias do mundo inteiro possam viver esta vocação de artesãos da paz,
oremos ao Senhor:
Ó Deus, Pai de toda humanidade, tu desejas que todos
os homens e todas as mulheres possam viver como irmãos e irmãs sobre a terra.
Abençoa cada família humana e dá-lhes a graça de viver em paz e de ser uma
fonte de paz para o mundo. Amém.
Com
toda minha amizade,
Irmão
Irineu rezende Guimarães
Monge
beneditino da Abadia de Notre-Dame, Tournay, França
MARçO 2014 : A PAZ E A PARTICIPAçAO DAS MULHERES
A
todos vocês que procuram a paz :
Paz !
A ONU proclamou o dia 8 de março como o
« Dia Internacional das Mulheres » para suscitar uma tomada de ação à
propósito do papel das mulheres na sociedade atual. Nesta ocasião eu vou convidá-los
a refletir e rezar sobre a contribuição das mulheres para a paz no mundo. Se
elas muitas vezes são vítimas da guerra e dos conflitos, elas também são
construtoras importantes da reconciliação.
Se muitos processos e diálogos pela paz nao
se efetivam é porque não se dá espaço suficiente para as mulheres. O médico
palestino Izzedin Abuelaish, que perdeu três filhas num bombardeamente em Gaza,
e fundou « Filhas pela vida », afirma : « Nós devemos
aceitar a idéia de que as mulheres podem contribuir muito nas mudanças a serem
realizadas. (...) Quando os valores femininos serão levados em consideração em
todos os níveis da sociedade, os valores desta sociedade vão mudar e a vida
será mais fácil ».
Para se assegurar a participação
das mulheres nas negociações de paz o Conselho de Segurança da ONU, na sua
sessão numero 4213, no dia 31 de outubro de 2000, aprovou Resolução 1325. Este documento propõe que a
ONU e seus Estados Membros possam se empenhar para dar às mulheres um lugar
importante na prevenção dos conflitos, nas negociações de paz, assim como na
reconstrução das sociedades destruídas pela guerra. Três palavras podem resumir
esta resolução: prevenção, proteção e participação.
A Resolução insiste que as
nações façam esforços para que as mulheres sejam melhor representadas em todos
os níveis das tomadas de decisão – nacional, regional ou internacional – para prevenção,
gestão e normatização dos conflitos. Que elas estejam mais presentes na qualidade
de observadoras militares, de membros da policia civil, de especialistas dos
direitos do homem e como membros de operações humanitárias. O documento propõe
igualmente uma conduta que se preocupe com a imparcialidade entre os sexos por
ocasião da negociação e da execução dos acordos de paz. Ele exige também que
todas as partes envolvidas em um conflito armado respeitem plenamente as normas
do direito internacional em relação às mulheres e às meninas, protegendo-as
contra os atos de violência, em particular o estupro e outras formas de
agressão sexual. Este documento propõe a introdução da perspectiva de gênero no
processo de paz : temos que repensar a relação homem e mulher numa
perspectiva de parceiros pela paz, o que exige uma nova compreensão da
identidade masculina, menos guerreira e mais conciliadora.
A
fim de que estas resoluções sejam colocadas em prática por todos os países do
mundo, rezemos ao Senhor :
Ó Deus da paz, tu
criaste o homem e a mulher à tua imagem e semelhança para que eles sejam um só.
Abençoa todas as inciativas de colaboração entre homens e mulheres pela paz do
mundo. Inspira todas as mulheres que se consagram à reconciliação e à resolução
dos conflitos. Ilumine todos os chefes de nações para que eles possam dar às
mulheres mais espaço nas negociações e nos processos de paz. E toda terra
reconciliada, como uma grande familia, bendirá teu nome para todo sempre. Amém.
Com
toda minha amizade,
Dom Irineu Rezende Guimarães
monge benditino da Abadia de
Notre-Dame, Tournay, França
Tournay, 25 de fevereiro de 2014.
FEVEREIRO 2014 : A PAZ E OS IMIGRANTES
À todos vós que procurais a paz :
Paz !
No dia 19 de janeiro de 2014 celebramos o Centésimo Dia Mundial do Imigrante e do Refugiado, com o objetivo de sensibilizar a consciência cristã e humanitária para que tomem uma atitude em relação a estes homens e mulheres obrigados a deixar suas terras, na procura de uma vida mais digna. E, no entanto, mesmo com toda esta mobilização, o drama destas pessoas não parece chegar ao fim.
O maior símbolo desta tragédia é uma pequena ilha italiana - a Ilha de Lampedusa – de 20,2 Km quadrados de superfície e em torno de 5 mil habitantes. Estando localizada a meio caminho entre a Europa e a África, a ilha se tornou uma porta de entrada para aqueles que desejam ir para Europa de modo irregular. Dezenas de milhares de pessoas chegam ali sem a documentação necessária, através de navios chamados de “navios da esperança”, pagando muito caro por isso. Sem nenhuma segurança os imigrantes viajam amontoados como sardinhas em lata. As estimativas falam que mais de 20 mil pessoas já perderam a vida fazendo esta travessia. O caso mais recente é o do dia 03 de outubro de 2013, quando um navio que transportava 500 imigrantes pegou fogo e virou, matando 350 pessoas.
A questão não é nada simples: todos estes imigrantes devem ser acolhidos na Europa? Eles devem ser reenviados aos seus países? Devemos deixá-los morrer? Em 2007 dois capitães de barcos de pesca italianos foram levados à justiça por terem socorrido os « navios da esperança », e foram acusados de terem ajudado os imigrantes ilegais a entrar no território. No dia 08 de julho de 2013 o Papa Francisco foi para esta ilha manifestar a sua solidariedade para com todas as vitimas, assim como manifestar sua solidariedade para com a comunidade de Lampedusa que pratica incansavelmente a caridade para os mais necessitados. Nesta ocasião ele nos lembrou da nossa responsabilidade humanitária nesta situação: «Muitos de nós, e eu me incluo neste grupo, estamos desorientados, nós não prestamos mais atenção ao mundo no qual vivemos, nós não nos ocupamos mais do outro, nós não cuidamos do que Deus criou para nós e não somos mais capazes de cuidarmos uns dos outros. E quando esta desorientação assume dimensões mundiais, chegamos a tragédias como esta a que assistimos». Na sua mensagem pela passagem do Dia do Imigrante e do Refugiado, publicada em 05 de agosto de 2013, ele nos convida a « passar de uma atitude de defesa e de medo, de desinteresse e de marginalização – que no final das contas corresponde à « cultura da exclusão » - para uma atitude que tenha como base a « cultura do encontro », a única capaz de construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor ».
A paz mundial vai depender em grande parte da solução e da resposta que nós daremos à situação dos imigrantes e dos refugiados. Ou a paz vem para todos, ou a paz não virá para ninguém: precisamos estabelecer uma ordem cosmopolita na qual o mundo se transformará numa casa de todos e que todos sejam bem acolhidos em toda parte.
Com as palavras do Papa Francisco em Lampedusa, assumamos nossa parte de responsabilidade nesta questão :
Senhor, nós pedimos perdão pela indiferença em relação a muitos irmãos e irmãs; Pai, nós te pedimos perdão por aquele que se acomodou e se fechou no seu próprio bem-estar que leva à insensibilidade do coração, nós te pedimos perdão por aqueles que através de suas decisões ao nível mundial criaram situações que conduzem a esses dramas. Perdão Senhor! Senhor, que ouçamos hoje também as questões: « Adão, onde tu estás? », « Onde está o sangue do teu irmão? ». Amem.
Com toda minha amizade,
Dom Irineu Rezende Guimarães,
monge beneditino da Abadia Notre-Dame, Tournay, França.
JANEIRO 2014 : A FRATERNIDADE, FUNDAMENTO E CAMINHO PARA A PAZ
À todos vós que procurais a paz :
Paz !
O Papa Francisco escolheu
como tema para este dia 1 de janeiro de 2014 a Jornada Mundial da Paz: « A
fraternidade, fundamento e caminho para a paz ». A meditação desta
mensagem poderá muito bem orientar a nossa prece pela paz neste primeiro dia do
ano novo.
O ponto de partida desta reflexão do papa é a existência,
em cada um de nós, de uma «sede incontornável de fraternidade, que leva à
comunhão com os outros, na qual nós não encontramos inimigos ou concorrentes,
mas irmãos que nos acolhem e abraçam.» No entanto esta vocação é negada por
uma «globalização da indiferença, que nos faz aos poucos nos habituarmos
com o sofrimento do outro, nos fechando em nós mesmos », num mundo em que
falta a referencia a um Pai comum, fundamento último da fraternidade entre os
homens (n° 1). Se Caim simboliza a recusa da responsabilidade pelos nossos
irmãos (n° 2), Cristo, no seu abandono à morte pelo amor ao Pai, reconcilia em si
mesmo todos os homens (n° 3). A paz é compreendida como um movimento de
solidariedade para com todos, especialmente os mais pobres, amados « como
a imagem viva de Deus o Pai, resgatado pelo sangue do Cristo e objeto de ação
constante do Espírito Santo » (n° 4).
Assim a fraternidade se apresenta como um caminho para vencer a pobreza,
seja « pela redescoberta e pela valorização das relações fraternas no seio
das famílias e das comunidades », seja através de políticas eficazes
« que assegurem à todos sua dignidade e seus direitos fundamentais »,
seja ainda através de « estilos de vida sóbrios e baseados sobre o
essencial » (n° 5). A grave crise financeira e econômica contemporânea
pode também ser uma oportunidade para encontrarmos um modelo de economia mais
fraternal (n° 6). Da mesma maneira, a fraternidade se apresenta como uma
alternativa para resolver os conflitos humanos, na medida em que redescobrirmos
como um irmão aquele que hoje consideramos como um inimigo a ser eliminado: o
que exige um esforço firme « em favor da não proliferação das armas e do
desarmamento da parte de todos, começando pelo desarmamento nuclear e químico »,
assim como, com uma conversão dos corações (n° 7). Um autêntico espírito de
fraternidade pode impedir múltiplas formas de corrupção, como o tráfico ilícito
de dinheiro, de drogas, de pessoas e órgãos humanos, etc. (n° 8). Enfim, uma
ética de fraternidade se estende também à natureza, na utilização racional dos
recursos em benefício de todos, de maneira que todos sejam libertos da fome (n°
9). « O realismo necessário da política e da economia não pode se reduzir
à uma técnica privada de ideal, que ignora a dimensão transcendental do
homem » : é somente na abertura à Ele, que ama cada homem e cada
mulher, que a política e a economia poderão ser um instrumento eficaz de
desenvolvimento humano integral e de paz (n° 10).
Para que as palavras do Papa Francisco sejam acolhidas
por todos, rezemos assim, usando as suas palavras:
Ó Deus da Paz, « o Cristo
veio ao mundo para nos trazer a graça divina, que dizer, possibilidade de participar de sua vida. (…)
Esta boa nova reclama de cada de nós um passo a mais, um exercício persistente
de empatia, de escuta do sofrimento e da esperança do outro, incluindo o
sofrimento daquele que está mais longe de mim, engajando-nos no caminho
exigente do amor que sabe se doar e se dedicar gratuitamente pelo bem de todo
irmão e toda irmã. Que Maria, Mãe de Jesus, nos ajude a compreender e a viver
todos os dias a fraternidade que surge do coração do seu Filho, para trazer a
paz à todo homem sobre nossa terra bem-amada ». Amém.
Com os votos de um ano novo abençoado!
Dom Irineu Rezende Guimarães
monge beneditino, Abadia Notre-Dame, Tournay, França
Tournay, 30 de dezembro de 2013.
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